Burnout, como identificar os sinais!

Muito se fala atualmente sobre burnout… desde a Pandemia o termo se espalhou por aqui… Hoje só quero trazer explicações simples, no meu artigo anterior menciono alguns dados mais específicos sobre. (artigo 2)

Enfim, se buscarmos “apenas” no dicionário, por exemplo no Cambridge dictionary encontramos três explicações “simples” sobre o que é burnout. 

 

extreme tiredness or mental or physical illness caused by working too hard or trying to do too much

cansaço extremo ou doença mental ou física causada pelo trabalho duro ou tentar fazer muito

 

the state of having no energy or enthusiasm because of working too hard, or someone who shows the effects of this state

o estado de não ter energia ou entusiasmo por trabalhar duro, ou alguém que mostra os efeitos desse estado.

 

extreme tiredness or a feeling of not being able to work any more, caused by working too hard.

cansaço extremo ou sensação de não conseguir mais trabalhar, causada pelo trabalho duro.

 

Em qualquer uma dessas opções trata-se de um desgaste excessivo de todos os corpos, num extremo… é realmente a falta total de energia, como se desligasse o gerador, apagasse as luzes ou tirasse um equipamento da tomada e sem essa conexão o equipamento simplesmente não funciona, não tem nenhuma autonomia. 

Mas, o corpo do individuo que é diagnosticado por burnout já vem dando notícias por um tempo, alertando, sabe os alarmes de atenção, avisando que a bateria está terminando, avisando que a carga que está sendo dada não é suficiente para a autonomia do individuo, mas ele simplesmente vai seguindo a vida “normalmente” como se nada estivesse acontecendo. 

E muitas vezes pensando consigo mesmo, “eu estou só um pouquinho cansado”, “quando chegar o final de semana, ou um feriado, vou dormir o dia todo”, “está tudo bem”! 

Sim… e vamos lidando dessa forma por dias, meses e algumas vezes anos a fio… até que chega um dia que os corpos não reagem mais, onde não adianta você querer comandar ao sistema nervoso central, “Ei, acorde, hora de se arrumar!”, “Eu preciso me movimentar”, “Pense sobre isso, sobre aquilo”…. Nesse momento o burnout se instalou. 

E você se percebe… “Uai, o que eu estava falando mesmo?”, “Não consigo me lembrar o que fiz agora mesmo… e sei que era importante”, “Dirige de um ponto a outro da cidade sem saber como fez isso!”, “Levanta de onde está para ir buscar algo e no segundo passo já não sabe porque levantou”, e “Do nada! Seu corpo para de obedecer ao comando do seu pensamento e começa a parar… “ E mesmo assim, você ainda acha que não é nada… só um pouquinho de cansaço… afinal faz dias que não durmo. E o burnout está batendo a sua porta… 

Há quatro anos, exatamente nessa época do ano… lá quando estávamos começando a poder sair de casa na Pandemia (final de outubro de 2020) essa minha bateria, essa tomada, essa carga… não estava ficando ativa, não me dava mais autonomia de “funcionamento”, afinal, não sou uma máquina e sim um ser humano. E como tal, preciso de trabalho, descanso, alimentação e exercícios em equilíbrio. 

E, na última sexta-feira do mês de outubro de 2020 (mais exatamente, no dia 30.10.2020), quando consegui chegar à médica, ela me examinou, fez os pedidos dela de exames para checar se aquele meu estado tinha danificado o meu cérebro. Sim… eu poderia ter danificado demais e não conseguir me recuperar! E não ter condições de estar aqui 4 anos depois contando isso a você.

Pós exames ela me disse que eu estava com burnout e começou o processo de me afastar do trabalho e o tratamento. Cheguei a ficar 2 meses afastada, com a ordem de não fazer absolutamente NADA. 

Até hoje, quando me lembro desta consulta, sinto e percebo um vazio em mim, durante minha formação de Aconselhamento Biográfico, essa imagem surgiu algumas vezes em minhas pesquisas biográficas e notei o quanto me afetou o quanto ainda dói. 

Até então… eu não tinha medo de nada, estranho até dizer isso, mas é verdade, porém pós esse diagnóstico, eu sabia o quão mal eu estava, afinal, não conseguia mais lembrar de nada direito, muito menos fazer meus raciocínios tão comuns e diários para mim, afinal sou da área de TI, trabalhei a vida toda em desenvolvimento de sistemas e projetos de TI, uma eterna analista de sistemas, e sim… não conseguia analisar nada, não conseguia observar nada e deduzir nada. 

Ia e voltava das consultas, porque tinha algo maior me protegendo, me guiando, cai 3 vezes pós o diagnóstico, no primeiro mês de afastamento (Novembro de 2020), essas quedas foram apagões, lapsos… graças a Deus não teve consequências graves, apenas machucados que com o tempo foi curando. 

E todo esse processo que vivi, me marcaram, e ainda tem uma cicatriz cujo medo ficou por trás. Um medo de não estar suficiente atenta a mim mesma, escutando os sinais do meu corpo e entrar em outro burnout! 

Minha médica só me deu alta do burnout 3 anos e uns 2 meses depois do diagnóstico. Ou seja, faz apenas uns 8 meses. 

Em 2021, com todo cuidado médico e terapêutico eu retornei ao trabalho, à área de TI, mas sim, sai das frentes críticas que eu atuava, todos os serviços críticos que eu gerenciava, pois não teria condições mesmo, e atuei no processo de transformação ágil, apoiando os times, organizando, ajustando processos, etc. 

E, no final de 2021, sai da empresa e me dediquei a me cuidar e me recuperar, claro, trabalhando na minha nova profissão para ajudar pessoas a se desenvolverem por si mesmas, no ritmo que meu organismo conseguia dar conta, e, também seguindo com meus estudos no Thinking Environment, aprofundando o inglês e iniciando o estudo em Aconselhamento Biográfico (Antroposofia). 

Hoje, olhando para minha biografia, e olhando para esse capítulo, vejo o quanto o burnout está presente ainda comigo, para me ajudar a delimitar fronteiras, a dizer não para todos os tipos de excessos, excessos no trabalho, nos estudos, em ajudar os outros, enfim… em tudo! E, a finalmente diferenciar o que é essencial do acessório e honrar a mim mesma, não desrespeitando meus limites. Sigo no Orai e Vigiai diário! 

Se você que está lendo se identificou com algo deste texto, se algum sintoma acontece contigo, pare e olhe para você, olhe para seu momento atual, e aprenda a se escutar, a se respeitar e não permita chegar ao estado grave que eu cheguei. 

Se eu tivesse assumido que era mais que um simples cansaço por meses/anos sem dormir não teria chegado a esse extremo que cheguei!! No meu caso tudo começou em 2017 quando fiquei meses sem dormir, achando que estava tudo bem! Pois é… não estava! 

De 2017 a 2020…. foram quase 3 anos e nesse período os sinais estavam presentes, e mesmo com todo o processo de autodesenvolvimento que eu já tinha trilhado até então não foi suficiente para me dizer “Chega! Sua vida é mais importante que qualquer outra coisa! Cuide de você!”

E, infelizmente o mundo corporativo vigente descarta quem não pode produzir, performar como ele quer! E não importa se o desgaste veio exatamente desse excesso de atividades, de necessidades ditas urgentes, com datas de ontem a serem cumpridas hoje… 

Que as empresas também acordem e realmente tirem do papel o cuidado com seus colaboradores e coloque em suas ações práticas. Contratando quadro adequado de pessoas, apoiando gestores a serem líderes de verdade e não apenas chefes, permitindo que os sentimentos, os problemas surjam e sejam devidamente vistos e tratados. A liderança precisa de ajuda para poder ajudar seus colaboradores. Que se crie verdadeiramente ambientes saudáveis. 

Toda a empresa é formada por pessoas, e são as pessoas que fazem a empresa crescer e se desenvolver, portanto é necessário que esse bem precioso (ser humano) seja devidamente tratado como ser humano e não como máquina ou um simples número. 

Esse meu depoimento é para te ajudar a olhar para si, e cuidar de si antes que seja tarde demais e o tempo de recuperação seja extremamente longo… 

Busque ajuda! Converse sobre! E busque os tratamentos mais naturais possíveis! Você vai se recuperar com o devido apoio! É possível, estou aqui para te contar que é! Seja através de terapias holísticas, processos de aconselhamento biográfico, mentorias, médicos que tem um olhar do indivíduo inteiro, busque ajuda!

burnoutComo já mencionei nesse texto, a minha recuperação do burnout levou longos 3 anos e 2 meses, hoje sei que estou recuperada, sei que recuperei minha memória, minha lógica, observação, análise, pensamento associativo, tudo que um analista precisa para atuar adequadamente, sim, me recuperei e não desejo a ninguém o que passei!

Empresas! Não desistam dos seus colaboradores! Eles são importantes antes, durante e depois do burnout! 

Se quiser conversar sobre o tema, me chame! Ficarei bem feliz em conversar contigo e poder te ajudar a seguir um caminho mais saudável para você!