O ser humano como princípio é um ser relacional, um ser que precisa interagir com outros seres para seu próprio desenvolvimento individual. É através das relações, do encontro com o outro que o ser humano tem condições de observar suas atitudes perante as situações que se apresentam e, através delas notar o que parece ser um caminho mais adequado ou não, e isso se dá pela sua livre escolha dentro de seu ponto de vista, suas crenças e história de vida.

Quando você pensa em time, qual o primeiro pensamento que vem? Talvez o primeiro seja um time esportivo como futebol, vôlei, basquete, entre vários outros esportes. Mas também você pode pensar em equipes, grupos de pessoas que se reúnem com diferentes capacidades para atingir um objetivo comum. 

Usualmente os times têm líderes, nos esportivos é o capitão do time, quem está em “campo” que é uma referência, que dirige o time, é exemplo, e é quem ajuda a engajar as pessoas para a vitória, e nesses times ainda tem o técnico, que também é o coach e muitas vezes é o líder maior do time. E sim olhando no esporte o objetivo final acaba sendo a vitória. E observando esses times que vencem repetidamente, quais as características deles? Usualmente cada um dos integrantes tem seu papel e responsabilidade bem definido e atua em sua excelência, tem um líder que sabe “extrair” o melhor de cada um e atribuir o melhor papel para cada um e tudo flui naturalmente.

Em times / equipes nas diversas áreas de atuação também tem líderes, às vezes não está declarado, mas sempre tem alguém que toma a liderança para organizar, dividir tarefas, e cuidar para que tudo se desenvolva da melhor forma para atingir o objetivo ou meta. 

Levando o tema agora para a Tecnologia, minha área de atuação por mais de 30 anos, quando falamos em montar times ou equipes de projetos, de desenvolvimento, de infraestrutura, de segurança, de testes, de qualidade, de arquitetura, dentre outros, como esses times são montados? Ou como deveriam ser? O que você pensa sobre isso? 

Atualmente muitas das empresas estão atuando no formato de metodologias ágeis e aderiram a nomenclaturas e “agrupamentos” como squads, tribos, centros de excelências (especialistas em determinadas atividades) e outras empresas ou até mesmo nas mesmas empresas, existe um “mundo híbrido” onde atua o chamado waterfall / cascata e o mundo ágil, mas no fim pouco importa o “agrupamento” que está implantando na empresa, pois no final do dia tudo se trata de relacionamento entre seres humanos, tudo se trada de construir um time de verdade para que os projetos sejam executados com qualidade, eficiência e eficácia e entreguem valor aos usuários finais, sejam eles internos das empresas ou externos como clientes. 

Você atua em algum desses grupos de TI que mencionei até aqui? Se sim, qual o seu formato de trabalho? E como são as relações dentro do seu time? E como são no entre times ou áreas (dependendo do seu modelo)? E quando você tem fornecedores (que na minha opinião deveriam SEMPRE serem parceiros de negócios)? Como é? Qual o seu papel específico nesses agrupamentos? 

Existe colaboração? A escuta entre cada um dos indivíduos (os seres humanos que comentei aqui no início deste artigo) é generativa? Ao escutar uns aos outros há respeito entre si? Um realmente está interessado genuinamente na fala do outro? Ninguém “atropela” ninguém? Todos aguardam quem está falando terminar seu pensamento para depois colaborar com um outro pensamento e a partir daí construir pensamentos novos e mais robustos para construção de serviços com excelente qualidade? 

Antes de seguir vou explicar o que significam dois termos:

Escuta generativa – é quando um indivíduo está escutando o outro de forma tão atenta e presente, com suas vozes de julgamento em silêncio, sem ficar criticando (mesmo que apenas dentro da mente), realmente aberto para o pensamento do outro, curioso para o que virá de novo. Esse tipo de escuta realmente propicia a inovação e criatividade e cria um ambiente seguro, a tão citada segurança psicológica. 

Interesse genuíno – é quando você realmente está interessado nas ideias e pensamentos do outro, sem bloquear a sua escuta e ao mesmo tempo interromper o pensamento do seu colega. Permite que emerja o melhor no outro. 

Retomando, o time / equipe / área / squad / tribo / cde etc… afinal como você se relaciona? Qual é o seu comportamento? Você é o primeiro a interromper a fala do outro com frases como… eu já sei o que você vai dizer, mas isso não funciona, ou já vi isso lá no outro projeto e não deu certo, ou… você não sabe o que está falando… ou… você completa a fala do outro…. 

Ou, você incentiva e ajuda a criar esse ambiente que favorece o pensamento de qualidade, criativo e inovador, e realmente está interessado em resolver problemas, criar soluções de excelente qualidade e não importa de quem foi a ideia, se foi boa e você consegue ajudar a executar com as suas capacidades está tudo bem! E sua fala é, por exemplo: legal, e se além disso que você já falou incluirmos tal ponto? É uma Co criação de verdade. 

Onde você se encontra? E se você tem papel e responsabilidade de liderar algum desses grupos, como você lidera? Você conhece todos do seu time a ponto de saber discernir qual atividade melhor se adequa a cada um, quais suas forças e fraquezas, como estar a serviço do grupo, você sabe escutar generativamente seu colaborador, par, parceiro, líder etc.? Para que a partir dessa escuta se encontrem soluções melhores e com valor para o usuário final? 

Você que é bem técnico, realmente cria suas linhas de código sabendo exatamente o que o usuário precisa? Ou você constrói conforme apenas sua própria cabeça e para você? E quando o produto fica pronto o usuário fala… Não foi isso que eu pedi! Você não me entendeu! E nesse caso? Foi você como codificador que não compreendeu o pedido, ou não teve um interlocutor adequado? 

Se você chegou até aqui na leitura desse meu artigo, deve estar se perguntando… Só estou vendo várias perguntas, mas quais são as respostas? 

Na prática, já vim trazendo as respostas através de algumas perguntas! Mas, vou resumir, no meu ponto de vista e na minha experiência de mais de 30 anos em desenvolvimento de sistemas e projetos de TI o que realmente constrói um time de verdade é: 

  • Escuta generativa de TODOS os indivíduos envolvidos.
  • Interesse genuíno em cada integrante do time e das áreas ou times que precisam se relacionar para atingir o objetivo / meta comum. 
  • Pessoas certas nos papéis certos.
  • Colaboração, respeito, tratamento humano entre TODOS os indivíduos envolvidos, onde TODOS trabalham verdadeiramente JUNTOS para atingir o objetivo / meta.
  • Visão holística, visão que permite olhar o todo e as partes, saber particionar o projeto, criar fases menores que entregam valor e entregar, não importando o método adotado. 

Esses elementos são essenciais para você poder dizer que você realmente trabalha num time de verdade

Note que nesse artigo, nem estou focando em qual método sua organização utiliza para implementar e suportar sistemas / serviços de tecnologia! Pois, na verdade, pouco importa. Nem tão pouco o quanto está ou não automatizada com as diversas inteligências artificiais vigentes. 

Muitos foram para o ágil num pensamento que o desenvolvimento seria mais rápido, mas esse nunca foi o objetivo, a agilidade desejada é na “mudança de rota” e em “ajustar erros” e não no executar mais rápido. E muitas organizações apenas “juntaram” pessoas em agrupamentos, excluíram perfis essenciais responsáveis pela comunicação entre usuários e os profissionais extremamente técnicos e pensaram que TUDO se resolveria sozinho… sinto dizer… não é assim que funciona! 

Agora você como um ser humano, como você percebe o seu time, seu líder, seus pares, seus parceiros? Se você já faz parte de uma organização que TODOS esses itens estão implementados parabéns! Agora se não está, comece por você, comece a escutar generativamente TODOS ao seu redor e comece a colaborar e respeitar TODOS. 

Se tiver dificuldade em fazer sozinho, não sabe por onde começar, não conhece formas de criar esse ambiente favorável para surgir pensamentos de qualidade, me chame, vamos conversar. Vou ficar bem feliz em poder te ajudar seja através de mentoria, coaching, consultoria ou facilitações!